20071030

equinox re-edit para a "lua sangrenta" (blood moon or hunter's moon)





everywhere I look I see pain. And I can't escape the feeling,









...para aí quatro ou cinco coisas que conheço com que se pode tentar afogar a dor (como uma ninhada de gatos): raiva/ódio, loucura, mania, e desapego. Que eu tenha percebido, todas elas implicam o uso habitual de mentiras a sí próprio e aos outros, e requerem o embotamento da inteligência, da sensibilidade e a substituição da criatividade por rotinas rígidas de acção e pensamento. Há para aí uma ou duas maneiras que eu conheça, que jogam com a mentira e a verdade, com que se pode espremer a dor e tirar-lhe algum suco bebível: a arte, a contemplação e o uso da imaginação e da intuição, e outras explorações da alma. Mas se forem usadas em excesso e sem limite podem causar alguma vertigem, perda do sentido ilusório de identidade e controle, e quando se tenta que esses sintomas secundários não ocorram, estas formas de espremer a dor tem o perigo de se tornar em religiões ou ideologias ou ismos, estilos, ortopedias discursivas, ou seja tornarem-se estúpidas no sentido intelectual do termo e servir para manipular os outros através do poder e da linguagem do poder . E que eu saiba só há uma maneira de transformar a dor em qualquer coisa verdadeiramente verdadeira, comestivelmente deliciosa, nutritiva e construtiva: O apego aos outros e de entre as suas multiplas formas a mais intensa: o amor. O espinho é que o apego aos outros requer o labor incessante, da atenção, do pensamento, sensibilidade, dedicação, sacríficio e muita paciência. Mas esta lista de cozinhados para transformar a dor, o apego, o amor, a entrega, o sacríficio, joga o jogo da corda e do abismo sem rede, pode tornar-nos vítimas e carrascos, quando a brincadeira da presa do amor e do gentil caçador transforma por feitiços da lua de sangue Acteon em gamo e Diana na senhora dos cães, o gato em hiena e o coelho em lebre, e traz mais, muito mais, dor, algum medo, muito mais medo (e assim acaba por chamar de novo as anteriores maneiras de tentar afogar e espremer a dor...)








,Let live me Set my spirit free- Let live me Bless my destiny
Weakness sown, Overgrown, Man is the baby

20071029

tudo para o lar: "TNT", "detergentes tóxicos", "flores murchas" e lágrimas


I'm on lonely street age nearly three, Recently Mama's crying all the time, is it because of me or my younger sister, even Dad was weeping when he kissed her. Face all puffy like a blister, crying like he missed her. Since we moved away from the house, where we used to play.
They say I'll understand one day but I doubt it, Mama never say nothing about it. How'd it get to be so crowded. I found it a strain, everywhere I look I see pain. And I can't escape the feeling, maybe I'm to blame. So I strain to listen, Praying for a decision, wishing they where kissing. This feels like extradition or exile, Mama finds it hard to smile So I make pretend cups of coffee in her favorite style. She says child I'm working so there's nothing you lack. But she know I want my Dad I want my family back.
















I'm on Lonely Street, age forty three. Couldn't gauge when to quit so my wife quit me. Took offense, took the kids, I wish that was the end. [...] and I agree I got sleazy too easily. But I'm forty three, this doesn't usually happen to me. Now I'm lonely, I wonder what my son's doing today. Suddenly I'm blinking like the screen on my computer display. And I'm drinking. Concerned about what's down the track if I don't get my family back. I want my family back


20071027

insomnia



Deep in the bosom of the gentle night Is when I search for the light. Pick up my pen and start to write. I struggle, fight dark forces In the clear moon light Without fear... insomnia; I can't get no sleep. I used to worry, thought I was goin' mad in a hurry, Gettin' stress, makin' excess mess in darkness. Insomnia please release me and let me dream. [...] Yes, yes, it was me, I plead guilty. And on the count of three I pull back the duvet, Make my way to the refrigerator. One dry potato inside, Not even bread, jam, When the light above my head went bam!



20071025

o mosquito



começou como de costume. acordar com um zumbido e o tremido de um minúsculo ser voador a ressoar no ouvido.
adormeci de novo.
de manhã tinha a certeza de que o mosquito me havia picado. mas não o encontrei para acabar com ele. na noite seguinte voltou a acordar-me. estava maior, acho. o seu zumbido era mais forte. estava a crescer. com o meu sangue.
nunca o encontrei mas sabia que ele vivia no meu quarto.
tinha a sensação desagradável de que se o encontrasse não o conseguiria matar. talvez porque era como se fosse parte de mim, de certa maneira come se fosse meu filho . cresceu com o meu sangue, todas as noites, durante semanas, meses.
era enorme de facto. vivia debaixo da cama.
a partir de certa altura eu apenas deixava cair o braço para que ele não precisasse de sair debaixo da cama.
eu não o queria ver. a sua picada era mais uma dádiva de sangue da minha parte.
escondi-o dos meus amigos e familiares. protegia-o
de manhã ele passou a acordar comigo, e a picar-me o pescoço enquanto eu lavava os dentes e fazia a barba.
havia uma aparente telepatia entre nós.
eu estava atento aos meus prórios pensamentos não normais sobre este pequeno ser tão desagradável,
pensamentos que não ousava confessar, pois se o fizesse iria ter de escolher entre matá-lo, ou passar a mentir sobre ele,
em vez de apenas ocultar a sua existência...
era melhor assim,
iria continuar assim,
a minha curiosidade sobre até que ponto eu mesmo deixaria esta situação continuar era mais forte do que matar um pequeno ser vivo.
mas dormia mal,
e a presença de um insecto sempre na atmosfera do meu quarto não deixava de ser intimamente incómoda.
teria eu desenvolvido uma séria afeição pelo mosquito?
até que ponto poderia eu amar o meu próprio parasita?
afinal, qual o sentido da existência de mosquitos?
questão que me levou infelizmente à questão muito pouco util de "e afinal qual a razão da existência de pessoas como eu"?
que diferença essencial existirá entre nós?

talvez fosse melhor matá-lo e, com esse acto, matar também as questões incómodas que me zumbiam cada vez mais alto ao ouvido da consciência, e me faziam sentir sugado pelos meus próprios pensamentos e curiosidade.
Mas se o fizesse, se o fizesse, estaria de facto, no fundo, a alienar a última réstia de diferença que me separava dele.
A questão do mosquito, e decifrar as suas consequências, e observar a estranha simbiose que se estava a desenvolver entre nós passou a ser a razão profunda da minha existência.

No entanto, percebi depois, que todos estes pensamentos eram secundários. a questão profunda era mais simples, e mais terrível, e mais fácil de entender, e mais pacífica, e mais enigmática ainda.












____________

texto: versão 0.03
imagens: manipulação photoshop por versão 0.03

20071023

Toxic Detergent [versão 0.02] (colecção "Tudo para o Lar!")






























Most laundry detergents in your typical grocery store contain:


* Petroleum distillates (aka napthas), which have been linked to cancer
* Phenols, which can cause toxicity throughout the entire body
* Artificial fragrances, which have been linked to various toxic effects on fish and mammals
* Phosphates, which stimulate the growth of certain marine plants when they’re released into the environment and contribute to unbalanced ecosystems
* Optical brighteners, which can be toxic to fish and can cause bacterial mutations and allergic reactions

If you pay attention to labels, you’ll find that many household products -- from lipstick to paint to shampoo -- contain potentially toxic chemicals. Over time, these toxins can build up in your system and cause any number of unknown effects.

What can you do? Seek out natural laundry detergents, cleaning products and toiletries from your local health food store (or use items you already have around your house, like vinegar, baking soda, salt and lemon juice), and next time you’re ready to do some housecleaning, check out these tips to do it naturally.





1. While detergents seem safe, they are a petrochemical-based product that is responsible for more household poisonings than any other substance. Soap, on the other hand, is made from natural oils and minerals and has been safely used for centuries. Natural and organic soap-based products can be found in health food shops and online.

2. Refill your own non-plastic water bottle instead of using
toxic plastic water bottles. While it’s good for your health to carry your own water and drink it throughout the day, if it’s in a clear polycarbonate plastic bottle, it can be leaching a toxic substance into your water – even if the bottle is sitting on table at room temperature. Bisphenol-A. BPA is a potent hormone disruptor that can impair the reproductive organs and have adverse effects on breast tissue and prostate development. Drink from a glass bottle wherever possible.





20071019

T.N.T. et roses....[versão 0.03] (colecção "tudo para o lar!")


Sous sa forme raffinée,
le trinitrotoluène est relativement stable
et moins sensible que la nitroglycérine
aux chocs et au transport.
Son action explosive
doit être amorcée
par un détonateur.

.















Repentance and remorse
gnash my sinful heart in two,
that my teardrops
might bring forth sweet spices





















...uma estatística revelando que, se dividirmos a quantidade conhecida de explosivos existente no planeta pelo número de pessoas na terra, cada indivíduo representa quatro toneladas de TNT.





















On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux,

















Buß und Reu
knirscht das Sündenherz entzwei,
daß die Tropfen meiner Zähren
angenehme Spezerei,








Textos:
0- "Trinitrotoluène": wikipedia;
1-Passion According to Saint Matthew, BWV 244 Johann Sebastian Bach (tradução inglesa) ;
2- Franz Treichler, em entrevista à "Underworld-Entulho Informativo".
3- Carla Bruni
4- Passion According to Saint Matthew, BWV 244, Johann Sebastian Bach (original)


20071016

bour·geois1 /bʊərˈʒwɑ, ˈbʊərʒwɑ; Fr. burˈʒwa/

–noun
1. a member of the middle class.
2. a person whose political, economic, and social opinions are believed to be determined mainly by concern for property values and conventional respectability.
3. a shopkeeper or merchant.
–adjective
4. belonging to, characteristic of, or consisting of the middle class.
5. conventional; middle-class.
6. dominated or characterized by materialistic pursuits or concerns.
































Bourgeoisie is used to describe a social class of people whose status or power comes from employment, education, and wealth as opposed to aristocratic origin.
Petite bourgeoisie (also Petty Bourgeoisie) is used to describe the class below the bourgeoisie but above the Proletariat.

In the French feudal order pre-revolution, "bourgeois" was a class of citizens who were wealthier members of the Third Estate, but were overtaxed and had none of the privileges which the aristocracy held (however many bourgeoisie bought their way into nobility; see Venal Office).


"It is better to be a good ordinary bourgeois than a bad ordinary bohemian."
[Aldous Huxley, 1930]


As an adjective it is used with contempt by bohemians and Marxists to label conservatives whose views are not sufficiently revolutionary

20071014

conscience existence angoisse liberté projet










• la conscience, mouvement de transcendance vers le monde et les choses, mouvement fondamentalement transparent à lui-même ;

• l' existence : exister, c'est être-là, surgir dans le monde et s'y forger ; "l'existence précède l'essence " : l'homme est d'abord dans l'univers où il imprime sa marque et se construit ainsi librement ;

• l'angoisse : sentiment et saisie de l'imprévisibilité de notre liberté, lorsque la conscience appréhende son avenir, devant lequel elle est totalement libre , l'angoisse est " la saisie réflexive de la liberté " (L'Etre et le Néant) et se distingue de la peur, qui a un objet déterminé ;

• la liberté, pouvoir que détient la conscience de se soustraire à la chaîne des causes et d'échapper aux déterminations naturelles ,

• le projet : l'homme est pro-jet , sa conscience se jette en avant d'elle-même vers l'avenir.

20071013

mais coisas com que deliro



Não há quase nada que eu mais delirio do que a good old film françês no Outono. Nos filmes franceses parece que é sempre Outono, e as roupas das mulheres são sempre folhas de Eva a cair, bem como os cabelos dos homens e os seus cigarros. Os actores ou são sempre os mesmos ou são quase sempre os mesmos, tal como a nossa família e os amigos.
Desde que soube da mostra do cinema francês que ando a sentir a falta de um Godard na veia, ou um Truffaut, (espero que as consonantes estejam todas no lugar) ou um assim. Primeiro fiquei desiludido com o filme Avida, saiu-me um surrealista à moda de Buñuel com paisagens humanas Lynchianas e uns apontamentos de Non-sense Inglês dos anos 70. Mas hoje, hoje acertámos. "Pintar ou fazer o Amor" (Paindre ou Faire L'amour), e foi verdadeiramente surpreendente. Tão francês tão francês que até passava uma canção do Jacques Brel, que servia de afrodísiaco para aventuras lascivas pós-modernas.
Ecce l´Homme et la Femme. Ho la la, bof, mais c'est bien vrai, les Bourgeois nous sommes comme les cochons, des cochons chic bien sûr, mais des cochons quand même.
E a grande vantagem do cinema frânces é que, sendo financiado e não precisando de fazer bilheteira, pode tornar-se como todas as formas de arte independentes do valor da sua própria venda, do seu consumo, como todas as formas de inutilidade, pode tornar-se dizia eu, uma forma de reflexão sobre a sociedade. Nós, os "burgueses" latinos europeus, podemos ver-nos ao espelho sem a constante intromissão de psicopatas, terroristas, monstros, super-heróis e etc, com recurso aos quais a indústria de filmes american(izad)os vão insidiosamente construindo a paranóia social surda com que justificam o psicótico fundamentalismo religioso, militar, policial e maníaco dos seus financiadores. Como diria Shakespeare,somos feitos da mesma matéria do que os nosso sonhos. A que Brel, com Orwell a apoia-lo, poderia contrapor: e da mesma matéria que os porcos. E atenção, eu deliro com porquinhos.



Um surdo-mudo e dois viciados em quetamina falham o rapto do cão de uma multimilionária voluptuosa, que aproveita para os obrigar a realizar as suas últimas vontades.
...One of the highlights of the film is wonderful Velvet who makes mythical anti-Venus character so pure and powerful.


.






















"Pintar ou Fazer Amor", dos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu, apóia-se em clichês dos filmes franceses protagonizados por burgueses entediados...o casal faz amizade com o prefeito local, que é cego, e sua jovem e bela namorada. E iniciam uma relação de amizade com Adam e a sua companheira Eva (Amira Casar), que habitam a umas centenas de metros de distância. Será que há vida depois de 30 anos de casamento? Há e ela pode revelar-se deveras surpreendente. O amor surge e revela-se com toda a audácia da inocência. Como um casal no paraíso, ambos apresentarão um admirável mundo novo aos burgueses desiludidos.
----
texto: da "Folha de S. Paulo" e do "Público" e da net em geral.