20061016

saturno













Esta noite sonhei oferecer-te o anel de Saturno
e quase ia morrendo com o receio de que não
te coubesse no dedo

















é verdade, querida, ainda tens o anel que te dei em santiago?


















texto:
in O POETA NU, JORGE DE SOUSA BRAGA, FENDA, 2º EDIÇÃO, 1999

roubado do site d'a barraca
http://bar-a-barraca.blogspot.com/

20061005

Sentei à minha mesa
os meus demónios interiores.
falei-lhes com franqueza
dos meus piores temores.

tratei-os com carinho,
pus jarra de flores,
abri o melhor vinho,
trouxe amêndoas e licores

chamei-os pelo nome,
quebrei a etiqueta,
matei-lhes a sede e a fome,
dei-lhes cabo da dieta.

conheci bem cada um,
pus de lado toda a farsa,
abri a minha alma,
como se fosse um comparsa.

E no fim, já bem bebidos,
demos abraços fraternos.
saíram de mansinho
aos primeiros alvores.
de copos bem erguidos
brindámos aos infernos
fizeram-se ao caminho
sem mágoas nem rancores

Adeus, foi um prazer!
disseram a cantar
mantém a mesa posta
porque havemos de voltar.








letra: Jorge Palma "demónios interiores", Norte.
imagem:
Martin Schongauer "António e os demónios"