Às 5.15 sobe o tom e adverte-se as forças repressivas do regime que serão severamente responsabilizadas caso enveredem pela luta armada.
Nos intervalos, cantam José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Francisco Fanhais, Luís Cília, José Mário Branco.
Os Portugueses adormeceram cinzentos e escravos num país cinzento onde nada acontecia. A madrugada vai-se enchendo de sons e de cores. Os Portugueses acordam noutro país.
...
Antes do meio-dia, pelo posto de comando, Salgueiro Maia é informado de que Marcelo Caetano está no Carmo. Os cravos vermelhos começam a ser enfiados nos canos das G-3. É cerca de 12,30.
Porém, sobre esta estrela rutilante algumas nuvens se vão acastelando.
Os guardiães do regime começam a acordar no meio daquilo que, para eles, é um verdadeiro pesadelo. Até que, pelas 5.00, Silva Pais, director-geral da PIDE, telefona a Marcelo Caetano:
- Senhor Presidente, a Revolução está na rua!
...
É então que se decide que o chefe do Governo se deve acolher ao quartel do Carmo.
Maia recebe ordem do posto de comando para abrir fogo sobre o edifício. Porém, ele sabe que as granadas explosivas das autometralhadoras num largo apinhado de gente irão provocar centenas de mortes.
Entra uma segunda vez e exige falar com o Presidente do Conselho.
«Marcelo estava pálido, barba por fazer, gravata desapertada, mas digno. Fiz-lhe a continência da praxe e disse-lhe que queria a rendição formal e imediata. Declarou esperar que o tratassem com a dignidade com que sempre tinha vivido e perguntou o que ia ser feito dele. Perguntou a quem competia. Declarei que a «Óscar». Perguntou quem era «Óscar». Declarei ser a Comissão Coordenadora. Perguntou-me quem eram os chefes. Declarei serem vários oficiais, incluindo alguns generais, isto para que ele não ficasse mal impressionado por a Revolução ser feita essencialmente por capitães.
Cantai cantai no pino do inferno Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo Cantai cardumes da guerra e da agonia Cantai cantai melancolias serenas Como trigo da moda nas verbenas Os vossos salmos de embalar meninos Cantai bichos da treva e da opulência A vossa vil e vã magnificência Cantai os vossos tronos e impérios Sobre os degredos sobre os cemitérios Cantai cantai que o ódio já não cansa
Os guardiães do regime começam a acordar no meio daquilo que, para eles, é um verdadeiro pesadelo. Até que, pelas 5.00, Silva Pais, director-geral da PIDE, telefona a Marcelo Caetano:
- Senhor Presidente, a Revolução está na rua!
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É então que se decide que o chefe do Governo se deve acolher ao quartel do Carmo.
Maia recebe ordem do posto de comando para abrir fogo sobre o edifício. Porém, ele sabe que as granadas explosivas das autometralhadoras num largo apinhado de gente irão provocar centenas de mortes.
Entra uma segunda vez e exige falar com o Presidente do Conselho.
«Marcelo estava pálido, barba por fazer, gravata desapertada, mas digno. Fiz-lhe a continência da praxe e disse-lhe que queria a rendição formal e imediata. Declarou esperar que o tratassem com a dignidade com que sempre tinha vivido e perguntou o que ia ser feito dele. Perguntou a quem competia. Declarei que a «Óscar». Perguntou quem era «Óscar». Declarei ser a Comissão Coordenadora. Perguntou-me quem eram os chefes. Declarei serem vários oficiais, incluindo alguns generais, isto para que ele não ficasse mal impressionado por a Revolução ser feita essencialmente por capitães.
Cantai cantai no pino do inferno Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo Cantai cardumes da guerra e da agonia Cantai cantai melancolias serenas Como trigo da moda nas verbenas Os vossos salmos de embalar meninos Cantai bichos da treva e da opulência A vossa vil e vã magnificência Cantai os vossos tronos e impérios Sobre os degredos sobre os cemitérios Cantai cantai que o ódio já não cansa
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