[...] Esta cidade não é uma cida-
de é um vício
Um anjo papudo olha-me
lá do alto e eu estendo
as mãos não vá ele es-
tatelar-se no asfalto.
Um anjo papudo pintado
de azul-cobalto.
Quando vens de sul ao chegar
à ponte desaceleras um pouco
para poderes olhar a escarpa
e o rio... Nenhuma outra cidade
se oferece assim a quem chega
como uma cadela permanen-
temente com o cio.
O que esperas sentado à
mesa do café olhando
a chávena bazia? que
o lastro do quotidiano se
despegue da tua alma
e da tua pele e que a
beleza como um oceano
inunde a folha de papel
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Textos: 1) Porto de abrigo 2) Igreja de Santa Catarina, 3) Ponte da Arrábida, 4) Pólo Norte. In "Porto de Abrigo" por Jorge Sousa Braga