20101224

Natalis Domini























































O Solstício de Inverno é o ponto em que a elíptica do Sol atinge a posição mínima de altura em relação ao equador.
Era conhecido como o “nascimento do sol” desde a era mais remota e festejado por todos os povos no hemisfério norte.
Este acontecimento astronómico era muito importante visto marcar o início do novo ciclo do Sol sobre a Terra, com dias cada vez maiores e mais quentes até ao novo retorno.
A esta data associavam-se rituais ou festas muito importantes. As civilizações mais antigas consideravam o Sol como sendo o filho da luz, a luz para eles representava Deus em vida.*



















































Uma vez que permitiam controlar a reprodução dos animais, a plantação de sementeiras e avaliar as reservas invernais de alimentos entre as colheitas, certos eventos astronómicos estão associados ao surgimento de mitologias e tradições desde tempos remotos .
Na noite do solstício de inverno, no hemisfério norte, as três estrelas da cintura de Orion alinham-se com Sirius, a estrela mais brilhante a oriente no céu, assinalando o sítio onde o sol nascerá na manhã após o solstício de Inverno. Após este solstício o sol começa a sua ascenção a norte.**



















O Solstício de Inverno terá sido imensamente importante porque as comunidades não tinham a certeza de sobreviver ao Inverno, e para ele tinham de se preparar durante os 9 meses do ano. Morrer de fome era comum entre os meses de Janeiro e Abril.
Nas culturas modernas os rituais do solstício de inverno são valorizadas pelo seu consolo emocional na altura mais escura do ano, sobretudo nas culturas mais a norte do hemosfério. Os efeitos depressivos do inverno nos individuos e na sociedade estão ligados ao frio, cansaço, mal-estar interior e inactividade.
A insuficiente exposição à luz do sol aumenta a secreção de melatonina pelo corpo, desregulando o ritmo circadiano e aumentando a sonolência e as horas de sono. Os festivais deste período do ano sempre utilizaram grandes fogueiras, iluminações, canticos e danças, desde os primordios da civilização.**














































Nesta altura do ano, eram feitas matanças da maior parte do gado, para que este não tivesse de ser alimentado durante o resto do inverno, e era portanto a altura em que existia abundância de carne fresca. O vinho e cerveja tinham estado a fermentar e estavam prontos para ser bebidos.

A Cabra Yule, ou "Yule Goat" é uma destas tradições escandinavas e norte-europeias mais antigas; as suas origens são pré-cristãs, e segundo as lendas o deus Thor era conduzido pelos céus por duas cabras. Nessa festa da Yule era morta uma cabra, e cantavam-se canções porta-a-porta para receber comida e bebidas em troca. Na Finlândia era dito que a cabra Yule era uma criatura que assustava as crianças e exigia presentes. Durante o século 19 tornara-se a criatura invisível que dava os presentes, e um dos homens da família mascarava-se de cabra para os trazer.**































O Natalis Domini, desde o século 4º em Roma, que em em Inglaterra desde o século 11 se denominou Christ's Mass (Christmass, a Missa de Cristo) , tornou-se uma celebração do nascimento do deus feito carne, o Messias Yeshua de Nazaré. O seu nascimento foi estabelecido no dia do Solstício de Inverno segundo o calendário Juliano, ou seja a 25 de Dezembro. **


























...


Desde tempos perdidos na idade do gelo, em que as tribos e clãs tentaram perceber os ritmos das estações, daquilo a que chamaram deuses sol e lua, para não morrer de fome durante o inverno, até ao frenesim dos centros comerciais e das canções minimais repetitivas de natal,
passando pelo nascimento do filho do deus solar do deserto da palestina que os romanos decidiram fazer nascer a 25 de dezembro no século 4 para coincidir com o solstício do calendário oficial do império, pelas tradições nórdicas da cabra Yule, que estranhamente se combinaram com adoração do cordeiro de deus...,

afinal não deixámos de ser o que sempre fomos,
criaturas da terra,
criadores de contos e de deuses,
adoradores e devoradores de animais sagrados,
comunidades espalhadas de norte a sul pelos hemisférios da superfície de uma esfera
de coração incandescente rodando pelos céus.



























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* in Observatório Astronómico de Lisboa. http://www.oal.ul.pt/index.php?link=destaque&id=94
** in Wikipédia, tradução para português por eu versão 0.04
Imagens:
1)Esculturas de Ron Mueck
2)"Folktale of Father Christmas riding a yule goat.."
3)"Tanngrisnir and Tanngnjóstr from Fredrik Sander's 1893 Swedish edition of the Poetic Edda."
4) Adoration of the Lamb. por A. Durer

20101205

The toxicity of desire











and the pain of missing you



























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photos:
Mert Alas and Marcus Piggott

20101115

Poetry for the Masses







This image has made the front pages because it is exciting. Its violence is liberating to contemplate, in a dangerous, Dionysian way




The ancient Greeks mythologised the irrational, savage, destructive side of the human psyche in stories of the wine god Dionysus and his crazed followers.












Down the centuries, pictures of social protest have summoned up those same wine-dark powers




or recognised them in moments when the quiet of the city is turned inside out





and all the suppressed antagonisms of daily life explode in riot.












http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/nov/11/student-protest-photo-dionysian-desire

20101104

Adeline





















Who are you,
semi people who wander aimlessly around and around my awaking dreams



























































quem sois
vós semi-pessoas que vagueiam aparentemente sem destino
por dentro e em volta dos meus sonhos



















































apenas memórias-parasita alimentando-se das carcaças sagradas que há muito tempo atrás construí por cima do vazio?
















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Photos: Adeline Mai

20101029

20100927

Zero Mind





"take the most modest of all symbols, namely, 0, which stands for the number zero. The Roman notation for numbers had no symbol for zero, and probably most mathematicians of the ancient world would have been horribly puzzled by the idea of the number zero". *




















"When we speak of no-mind or ‘don’t know’ mind I believe that many Zen practitioners have a problem completely attaining this state of mind. The history of Zero or ‘nothing’ has had a tenuous past in the evolution of Western Philosphy. Christianity, as well as Judaism, did not accept the idea of ‘nothing’ until the 17th Century. In the Catholic Church, to even speak of ‘nothing’ was considerd a heresy and a giving rise to the Devil. After all, if God was the creator of all things, then the negation or lack of existence must be the work of the devil. No wonder we have such a difficult time with this concept.

In our Zen Practice no meaning is great meaning, and great meaning is no meaning. It is sometimes called zero mind. So what is zero mind? If you go around and ask, “Is zero a number?” You will get very interesting responses.

If someone says zero is a number, then you can do anything with zero. To examine this we can look at the following calculations. 9 x 0 = 0. Then, 9 = 0/0. O.K.? Then, if you say it’s a number, then 0/0 = 1. So 9 = 0/0 = 1, and 9 = 1. As a computer programmer I so often come across the ‘divide by zero’ error in one of my queries. So if we can’t divide by zero, is it a real number?

This state of mind exists outside of logic, it exists in a realm of universal consciousness. Our ‘don’t know mind’ isn’t held by the law of mathematics, yet math wouldn’t function without zero. The rules governing the use of zero appeared for the first time in Brahmagupta's book Brahmasputha Siddhanta (The Opening of the Universe), written in 628. Here Brahmagupta considers not only zero, but negative numbers, and the algebraic rules for the elementary operations of arithmetic with such numbers. In some instances, his rules differ from the modern standard. Here are the rules of Brahmagupta:

The sum of zero and a negative number is negative.
The sum of zero and a positive number is positive.
The sum of zero and zero is zero.
The sum of a positive and a negative is their difference; or, if their absolute values are equal, zero.
A positive or negative number when divided by zero is a fraction with the zero as denominator.
Zero divided by a negative or positive number is either zero or is expressed as a fraction with zero as numerator and the finite quantity as denominator.
Zero divided by zero is zero.

It took another thousand years for Western Mathematics to catch up to this ancient Indian concept to sunyata. Zero mind can do anything. If you say zero is a number, then zero is a number. If you say zero is not a number, then zero is not a number; this simply doesn’t matter. Zero contains everything; and everything returns to zero. This is Zen mathematics, so zero mind is very interesting. If you keep zero mind, then you can do anything **























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* in Alfred North Whitehead
"The Importance of Good Notation"
from Whitehead's An Introduction to Mathematics
Henry Holt & Co, 1911
from Chapter V “The Symbolism of Mathematics”

**in