20080307

o amor é um cão do céu , uma mulher da terra, e um gato do inferno. [versão 0.03]

Lisboa, 20080311



You are the light, the way,
that they will only read about.















Lisboa, 20080309








Montanha fria retirada e estranha
Os que a sobem por vezes sentem medo

A lua torna a água clara e translúcida
quando o vento sopra e as ervas sussuram

Nas árvores secas a neve forma flores
no bosque despido as núvens são as folhas














Desocupado visitei um antigo mestre
A bruma e as montanhas sucediam-se em camadas

O mestre mostrou-me o caminho de regresso
A lua estava suspensa como redonda lanterna






















Lisboa, 20080307





May this Love Rest in Peace







I am the Alpha and the Omega, the Beggining &

The End


























Lisboa, 20080213



...and I'm not a miracle, And you're not a saint. Just another soldier On the road to nowhere. ...come sit on my wall And read me the story of O. And tell it like you still believe That the end of the century Brings a change for you and me.

Perdoa-me. Forgive me. Sou teu. I'm yours.

When I feel your eyes on me I fall to my knees And I wait for your look to judge and define me.
I'’m just a thin shell breaking in your palm Starving for substance, identity. I am not afraid of this act of mutual creation, I take from you as you take from me Like nervous hands reaching out for each other. Your eyes can tell no lies, I am what you see

As I turn around to leave, still in your spell I catch a glimpse of my reflection in the window by your bed; What an odd surprise to bump into myself like this... I turn back to your look to find peace in your eyes. I find in his look an insecurity childishly submissive, I say foolish things I do strange things for attention. He finds within me some kind of unfamiliar hardness; He sees both the child and the cynic. Everyhing I hold inside of me, Everything I'’m hoping I can be.









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texto: a partir de "Amie" de Damien Rice, e "My Mirror" de Tina Dico






Com aquele gajo as coisas funcionam apenas por coincidências, por intervenção hierofântica. Mais um aniversário do"boneco de neve", o kk, como descobri ser o seu nome, aos 31 anos. Certos gajos não existem. Quando falei ao telefone com ele estava já com pelo menos uma garrafa de JB no sistema. Descemos do bairro alto para o Cais do sodré; com a bebedeira com que estava meteu-se com toda a txungaria, e a porrada era inevitável. O Kk estava com a adrenalina e a testosterona toda misturada com o alcool. Viro-me para ele, enfio-lhe um tabefe na cara, e digo-lhe "se queres andar à porrada, se vais andar à porrada, então vais andar comigo". Prego-lhe outro chapadão na outra face. A partir daí foi fight-club entre nós. Nunca tinha visto o Kk com aquela expressão, os seus movimentos rápidos eram os de um gato assanhado, e pregou-me dois chapadões de soslaio e um numa orelha que fiquei a ouvir zumbidos. Ainda hoje tenho o lábio inferior a saber a sangue. Poucos minutos depois, todos suados, parámos, não sem antes lhe ter arrancado um pedaço da camisola de lã branca. Que guardo como troféu. descemos até ao Music Box abraçados. O amor é um gato do inferno a dormir descansado nos braços de uma deusa da fornicação, virgem e plena de Graça.




It's eleven, finally. She's been working like a maniac since three. Takes bus seven, going west, She pass the drycleaning, picks up her favourite dress. Oh-woo-ho She's gonna rock it tonight. Get ready Nothing can stop it tonight. Mocha brunette, slim and tall, But during daytime no one sees her at all. On friday nights, you can be sure When she moves everybody's looking at her. Oh-woo-ho She's gonna rock it tonight
Get ready. Nothing can stop it tonight They look at her like if she's crazy, But the way she moves it just amazes me; She knows exactly where to run, Can take it further every time she's having fun Like a tornado, hurricane, She's such a good time can i see her again? Oh-woo-ho
She's gonna rock it tonight
Get ready
Nothing can stop it tonight








I don't know much about her, I wanna make her mine, She's all i ever dreamed of And there's no reason why. I shouldn't be suspicious, So let's give it a try. I was, The last of the boys to know, The last of the boys to know, The last of the boys to know, the truth, the truth, Yeah... I knew from the beginning I'm just to blind to see, I didn't hear the warnings Everybody gave to me And now i hear them talking I guess it's jealousy. I was, The last of the boys to know The last of the boys to know The last of the boys to know, the truth, the truth, Yeah... Is there anybody out there Who can teach me how to learn; Just tell me when and where I'm still waiting for my turn. I don't know where she's going, I don't know where she's from, I need some information Can i get it from someone; I used to be convinced then that nothing could go wrong. I was , The last of the boys to know The last of the boys to know The last of the boys to know, the truth, the truth,
Yeah.

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textos: Jay Jay J.; canções do albúm "Rush" ("The last of the boys to know" & "Rock It").




Lisboa, 20080208





Ah, recordas-te, ó oceânico ventre do Céu que somos

ser nossa voz a sua escuta
por grosseiras imagens conceitos e palavras
não olvidarem o convívio falante do ser de tudo
a luz das formas cores movimentos sons sabores odores*
[...]






Perguntou-me ela, antes ou depois de me tragar de um trago de joelhos, já não me lembro bem porque ali o tempo circula devagar como um ciclone em câmara lenta
"mas afinal o que é que tu deste para merecer isto? diz lá, o que é que tu deste à humanidade ao planeta para mereceres?"
Tive de ir pescar pensamentos ao baú mais fundo, os seus olhos não admitiam vacilações e manobras de diversões, estava tão dentro de mim como eu dentro das bocas dela.
"nunca me rendi ao lado negro."
uma pausa surpreendida, depois o sentido.
"Sim".
"Andei por lá muito tempo, atravessei-o, andei a puxar carroça no lado negro, conheço-o bem, mas nunca me rendi a Ele."



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*Paulo Borges in Ronda da Folia Adamantina




Lisboa, 20080207
outra vez a escrever directamente para aqui...
não importa, fui apanhado por isto. há que aceitar. há que render. há que aceitar. tal como há que aceitar como fui apanhado por este planeta como um "planctón nas barbas de uma baleia".
não fiz rebentar este planeta, esta "bola de sabão" aguentou.!









foi como te disse, JB, vinha numa nave com o menino jesus e ele disse "ficas aqui não foi o que disseste?". e eu, para não parecer que estava todo fodido da memória, disse, "sim claro".
a verdade é que escrever aqui me faz sentir menos sozinho. a verdade é que é preciso escrever. these words I write keep me from total madness.
Que se fodam as imagens, as imagens ficam para depois. agora vou só descansar no teu ouvido, "passear no teu ouvido".
Que se fodam as imagens. que se fodam. hoje sinto-me menos sozinho. o dever está cumprido. ela está a dormir, mas eu sinto-a a dormir aqui ao lado, como no outro dia. na outra noite, na outra tarde, já não sei quando é que ela entra e sai, e quando é que ela sai e ela entra, e quando é que ela entra e ela sai. se é de noite, de manhã, ou de tarde; se é fim de semana, segunda feira, ou feriado. eu fico na cama a descansar do sexo e da ternura, e dos vôos nas palavras e os mergulhos nos silêncios. lembro-me da janela com aquela cor tingida no vidro, mas é a cor da aurora e do crepúsculo, a mesma.
hoje o dever está cumprido, e ela está a dormir. e eu não me sinto tão sozinho.
uma noite e um dia em claro faz-me sentir menos angustiado. talvez seja o cansaço que ajuda a ensopar a dor, a solidão e a angústia.
tanta vezes fujo das palavras porque elas me assustam,
vou ao casaco procurar o isqueiro para reacender o cigarro e encontro o passaporte, vou ao casaco procurar o passaporte para sair do país e encontro o isqueiro, e coloco-o no bolso das calças,
faço tudo e volto sempre ao mesmo buraco pulsante
e tenho medo das palavras que saem dele
tiro-lhe imagens a ferros, e penso em tudo e mais alguma coisa.















"tudo o que conheço são putas, ex-protitutas, loucas. eu vejo outros com mulheres, serenas e meigas – eu vejo-os nos supermercados, a caminharem juntos pelas ruas, nos apartamentos:
pessoas em
paz, a viver juntos. eu sei que a paz deles é limitada, mas há paz, muitas horas e dias de paz. todas aquelas que conheço são viciadas em comprimidos, alcoólicas, putas, ex-prostitutas, loucas. quando uma parte há outra que chega pior que a anterior.
eu vejo tantos homens com
raparigas serenas e
meigas
em
vestidos de linho
raparigas com
rostos que não são traiçoeiros ou
predatórios. “nunca tragam uma puta”, digo aos meus poucos amigos, “ainda me apaixono por ela”.

“tu não suportarias uma mulher meiga, Bukowski.”

eu preciso duma mulher meiga. preciso duma
mais do que preciso desta máquina-de-escrever,
mais do que
o meu carro,
mais do que
Mozart; [...]"

(
Obrigado [a])












Não Bukoswki, não precisas de uma mulher meiga Bukoswki, são piores do que as "putas", piores do que as "loucas", piores do que as alcoólicas e do que as viciadas em comprimidos. São piores camarada. Não precisas, se precisasses tinhas,
tal como precisas e tens a tua cerveja
tal como precisas e tens os teus poemas de amor,
o que tu precisas é dessas mulheres, mulheres verdadeiras, selvagens, não domesticadas, sujas, mulheres que usam o corpo como um homem usa o seu para matar animais e cavar buracos,
mulheres que usam o cérebro como tu usas o teu ensopando-o em cerveja para entrares lá onde queres, e sair lá de onde queres.
Que pisam o chão a arder como tu pisas.
Tu precisas de amar as mulheres com quem gostas de estar; as loucas, as sem-vergonha, as livres, as Liliths,
nunca irias suportar uma mulher meiga, ia-te matar.
Esqueçe a tua mãe, a "mulher meiga" que precisas. Tu não precisas de uma mãe, Charles, precisas de Mulheres, de uma mulher.

consigo sentir o meu sorriso enquanto a espero, consigo vê-la a fazer festas a um gato, consigo vê-la a dormir, consigo ver os chinelos dela ali no chão.

estás tão doido, tão louco, e tão apaixonado pelo teu ódio à tua mãe que não és capaz de ver que essas "loucas" fazem festas a um gato, dormem ao pé de ti, e deixam os chinelos no chão, tal como essas meigas que invejas.









sofres do mesmo que elas, estás todo fodido com este planeta e ele não rebenta, nem ninguém te vem buscar de nave para um sítio decente. e isso fode-te ainda mais.
sofres do mesmo que elas, és uma puta, um drogado, um louco. és uma puta Charles, uma prostituta Bukoswski, usas o corpo como te apetece, vingas-te dos teus pais ao destruí-lo, tomas posse de ti ao seres possuído por essas mulheres que não tem vergonha de te comer
tomas posse dos teus nervos ao ensopá-los de alcoól,
nada do que te compõe é de ninguém
não é do papa,
nem da mama
nem do estado,
nem da igreja
nem do médico
nem do psiquiatra
nem do psicanalista
nem das palavras de Moisés, Maomé e outros loucos do deserto,
é teu e fode-lo como bem queres. e deixas fodê-lo como bem te apetece.
caga nisso Charles,
e esqueçe a tua mãe.

o teu corpo e a tua mente nem sequer são teus, são como as àrvores, e as nuvens, são , formaram-se para aí, como umpequeno ciclone, espalham-se para aí como a relva enquanto digerem proteínas e palavras, deviamos ter um cartaz ao pescoço pá, a dizer, proibido pisar a relva e cuidado com as correntes
de ar.
nem sequer foi uma nave com o menino jesus, isso foi o teu espírito que foi deixado aqui,
agora o teu corpo e a tua mente meu rapaz, formaram-se para aí.



---


:/


Eu não disse que as palavras que me saem do cérebro dão buraco?
porque é que continuei a escrever?
porque é continuaram a ler?

agora já estou mais acordado, e são outra vez tantas da manhã, e amanhã vem a empregada ao fim da manhã para se assustar,
e amanhã vou ter as mesmas toneladas de papeís e livros e páginas web para ler.

mas talvez não seja assim tão mau. sempre estou a ouvir o Wilson das Neves.
e o dever está cumprido,
e que se foda o Rio de Janeiro, e Londres, e os Himalaias, que se foda a idade média e a distopia,

ela está a dormir, e ela está a domir, e ela está a dormir, em casa dela,
mas eu sinto como se estivesse a dormir aqui ao pé na minha cama,
como no outro dia, como no outro dia, como no outro dia.








algo de importante está a acontecer. e cheira tão bem.


9 comments:

ana said...

Caramba!

Caro 0.03, mas eu não tento compreender nada! Desculpa se pareci estar a decifrar-te...
Há coisas que se me instalam no espírito. Há coisas que são e aceito-as simplesmente dessa forma. Como ao Bukowski, ou como a uma tempestade de Turner.
Não me interessam os porquês, nem as causas. O que apreendo basta-me.


Agora vá, reduz-me lá ao alpha por causa dos motores de busca, ok?

Bj.

1.01 said...

done.

por vezes eskeço-me que vivemos debaixo do big brother (mentality)!

NARNIA said...

Zerinhos gostei dessa inquietude...

ana said...
This comment has been removed by the author.
[A] said...

:) merci pelo postal psi-cadélico!

hoje,ao entrar consegui separar e distinguir o jay-jay; gosto particularmente desta

http://mp3fiesta.com/user/auth/?backward=%2Falbum46799%2F&pk_song=514163&partner=2841&subaccount=musicdownloads2008.com

não tem nada a ver com o resto dele...é light,very light e por isso bonita.

[A] said...

Sometimes I feel like I don't know
Sometimes I feel like checkin' out
I want to get it wrong...

ana said...

levei daqui a hierofântica
e pois
agora já cá não está

fui pesquisar sobre isso e cheguei a umas possibilidades interessantes

...

ah! também quero uma voz hipnotizadora!

Anonymous said...

Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my site, it is about the CresceNet, I hope you enjoy. The address is http://www.provedorcrescenet.com . A hug.

catarina said...

por lá ninguém impede a entrada de ninguém
apenas não há para onde entrar, ou melhor, há um vazio calminho que assim se deseja manter
mas esta esquizofrenia blogosférica (?!) abre sempre outras portas onde se pode tentar espreitar
e ver
outros estilos
outros ritmos
desta feita com companhia
beijo