20060907


Imagino-te prenhe do meu sémen. Barriga bola de sabão a reluzir ao sol do atlântico. Grávida de uma enorme azeitona. Vais parir azeite do mais puro grau de acidez, para temperar tomate maduro com oregãos, queijo de búfala com manjericão, e lábios com língua.
Se for rapariga chamar-se-há “azeitona sem caroço”, se for rapaz será “caroço de azeitona”.
Estamos com o azul cobalto, e azul do mar altlântico a banhar-nos os olhos, a luz dança na baía das nossas retinas numa autêntica alegria Nitschziana, numa alegoria sem tempo.
Falas-me em português com um sotaque estranho, vindo de outros tempos. dizes um silêncio do tamanho de uma tarde, uma tarde doce como um sorriso demorado, um silêncio em portugûes com sotaque estranho.
Eu sei que tu vais fugir esta tarde, eu tenho a certeza disso, mesmo prenhe, ou depois de parir, ou ainda mais tarde, eu sei que vais sair de mansinho um dia quando eu estivr a dormir ressacado de felicidade, e que nunca mais te vou ter, nem um bilhete teu.
Eu sei disso, e é saber isso que torna a dança de luz na tua tua barriga, e o banho demorado dos olhos no azul cobalto, tão precioso e interno.
Eu sei também que enquanto souber que tu vais fugir, enquanto eu não me esquecer disso, tu vais ficando.
E tu vais deixando aqui e ali pequenos sinais de que preparas a fuga, premeditadamente, para me ajudar a não esquecer que vais fugir um dia, porque sabes também que enquanto eu não esquecer isso tu vais ficando. Vais-te demorando, vais preparando a fuga com mais pormenor, com mais calma, a espaços cada vez mais longos.
Depois da azeitona nascer, depois de temperar a salada, depois de mais uma noite como aquela, depois do Inverno, depois do Outono.
Cada dia que passo contigo agradeço a Saturno teres-te demorado; agradeço e tento dar-te razões para te demorares, algumas das quais são deixar-te aqui e ali sinais de que ainda tenho a certeza de que vais fugir. Acaricio-te a pele cada vez como se fosse a última vez, observo o eriçar da tua penugem na nuca como se fosse a primeira vez, e a última, como se fosse um sonho, como se fosses um planeta visitado numa viagem alucinatória, e agradeço aos deuses todos antes de te começar a lamber o corpo, pelos pés.




10 comments:

Woman said...

Se assim for, enquanto souberes e estiveres certo que ela partirá um dia, vais ser feliz. Nunca te convenças que ela ficará para sempre, será o fim.

Meu caro, desejo-te umas perfeitas férias, como sei que são merecidas. Um beijo de quem te admira. até já... ;)

Klatuu o embuçado said...

Livra-te! :)=

Lara said...

ninguém fica para sempre! mas algo me diz... que ela ficará!

boas feriasssssssss e beijosssssssssssss para os dois!

Lara said...

weeeeeeeeeeeeeeeeee já voltarammmmmmmmmmmmmmmmmm

Woman said...

Onde estás???

Lara said...

já postavas não?
:P

1.01 said...

É caso para dizer, como o Aníbal
"deixem-me trabalhar!"
:)

vocês são terriveis. sou um "menino nas mãos das bruxas".
:)

Woman said...

Bruxas? Com casa de chocolate?

1.01 said...

Exactamente. na minha historia, a casa seria feita de uma sobremesa chamada "death by chocolate".

Mas a expressão menino nas mãos das bruxas faz-me mais lembrar MacBeth.

Hoje vi um filme. a Dália Negra. Vi as apresentações dos outros filmes e reparei que o DiCaprio e o Mat Damon estão a ficar velhos. Mas continuam a ser meninos.
O que aconteceu a esta geração?, os homens ficaram para sempre meninos?

Anonymous said...

Uma praga deste novo século! Eu gosto de olhar para o rótulo do maço de tabaco e perceber que sou mortal, mas olha que às vezes tenho mesmo que ir consultar o maço para ter a certeza porque até me esqueço... Ai vida que parece não se acabar! Estes romanos são loucos!!!!

Falando em lembrar... Já me tinhas mostrado este texto que eu amei à primeira vista ;)

Não te esqueças que vou fugir porque eu nunca me esqueço o vais fazer... É que só sem jogos se consegue chegar a este jogo delicioso...

Fiquei com uma súbita vontade de comer azeitonas negras e luzidias... Oh divino prazer!!! O que me foste lembrar a esta hora da manhã... =)