20070923

equi nox (0.04.1)




Diz persos:
5)
Há para aí 4 coisas com que se pode esconder a dor:
raiva/ódio, loucura, mania, e desapego. Todas elas implicam o uso habitual de mentiras a sí próprio e aos outros, são soluções mentirosas e requerem o embotamento da inteligência, da sensibilidade e a substituição da criatividade por rotinas rígidas de acção e pensamento.

Há para aí 1 ou duas maneiras, que brincam com a mentira e a verdade, com que se pode espremer a dor: a arte, a contemplação e o uso da imaginação e da intuição. Mas essas causam vertigem e tem o perigo de se tornar em religiões ou ideologias ou ismos, ou seja tornar-se estúpidas no sentido intelectual do termo e servir para manipular os outros através do poder.

E que eu saiba só há 1 maneira de transformar a dor em qualquer coisa verdadeiramente verdadeira, deliciosa e construtiva:
O apego aos outros e de entre as suas multiplas formas a mais intensa: o amor. O problema é que o apego aos outros requer imenso pensamento, sensibilidade, dedicação, sacríficio e muita paciência.
Mas esta maneira traz mais dor e algum medo (e assim acaba por chamar de novo as anteriores maneiras de esconder e espremer a dor...)
















(*)


http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Earth-lighting-equinox_PL.png













4)
Valeu a pena: no
J.P. Simões e Couple Coffee
"J.P. Simões" não é uma empresa de construção civil. Segundo a Wiki É um artista que passou pelos projectos Pop Dell’Arte, Belle Chase Hotel, A Ópera do Falhado e Quinteto Tati.Nasceu em Coimbra em 1970, mas ainda criança emigrou para o Brasil. Regressou a Portugal e mudou-se para Lisboa, onde se licenciou em Comunicação Social, e etecetera. Para mim, trata-se nada menos de um João-Toquinho-Vinicius-Gilberto-de Moraes português.

De português tem, no meu umíldio parecer, uma mistura estranha entranhada de Jorge Palma com Manuel João Vieira, na sensibilidade, decadência, cinismo hilariante e auto-discplicência grandiosa e autocomplacente. É capaz de igualmente graciosamente, como quem comeu feijão com arroz e tropeçou no ar feito um sábado bêbado ("Construção" Chico Buarque), citar Ella Fitzgerald/Billie Holliday ("you've changed, your smile is just a careless yawn") e Joa-Quim Barreiros ("ela foi para casa do pai, ele ficou na da mãe") como se descascasse um pistachio para dar ao seu amor.

Eu queria ser aquele gajo se tivesse enveredado pela via da guitarra
(se o Alex não me tivesse partido o anelar esquerdo quando eu inadvertidamente lhe cuspi para a nuca ao limpar o catarro dos Ritz e Português Suave sem filtro dos meus 19 anos, lesão digital essa que me impedia de tocar alguns acordes mais puxados em sustenido, e se não tivesse deixado de compor as minhas canções patéticas e energizantes que levavam a malta ao sorriso rubro tais como "sapatilhas do amor"; "tu foste o meu grande amor em agosto no verão", e outras tantas).

No Músic Box, aquele espaço que eu considero ser o "Lux" do Cais-Sodré, fiquei maravilhado com o seu concerto ácompanhado de Luanda Cozetti e Norton Daiello, o duo "Couple Coffee", duas almas de marron glacé por quem me apaixonei imediaticamente.

Mando aqui um grande abraço de gratidão aos meus grandes velhos amigos que me puxaram para essa noite em que fiquei muito mais rico por dentro
e menos pobre por fora (uma vez que a simpática porteira me deixou e à G. entrarmos sem pagar os euros, pensando que eramos amigos do João, e nós pensando que ea estava a falar de outro João que estava lá dentro e lá costuma ir e entrar sem pagar porque conhece um gajo que lá põe música!).


Foi a melhor prenda de fim de verão que podia ter, assim a chamar o equinócio de Outono devagarzinho, a "embalar a dor
dos silêncios vís,
vinde no clamor
da almas viris...." (Lopes Graça, et cetera).


Dói, vocês sabem que
isto (
Das Ich und das Es ;Freud, 1923) dói, tu sabes que isto dói, mas assim dói muito menos. E engana a dor :*







3)
Vale a pena:
Tanto Amor Desperdiçado
de William Shakespeare.

O Rei de Navarra, acompanhado por três jovens príncipes, faz o juramento de se dedicar exclusivamente ao estudo durante três anos: pouco sono, pouca comida e nenhum contacto com o sexo feminino é o contrato que os une.
A Princesa de França, acompanhada por jovens damas da sua Corte, vem negociar em nome do pai, Rei de França, o domínio da Aquitânia, perturbando para sempre este cenário. Os quatro homens apaixonam-se secretamente pelas quatro mulheres mas são obrigados a esconder os seus sentimentos uns dos outros - para não falhar ao juramento combinado. Depois de um encontro onde homens e mulheres se disfarçam, desenham-se os vários pares amorosos mas, no meio da festa, anuncia-se a morte do Rei de França. A Princesa terá de regressar ao seu país e as damas impõem aos apaixonados um ano de afastamento, como nova prova de amor.
Terá sido desperdiçado todo aquele amor?













Atenção: estes parágrafos tem erros de ortografia, kuando fizer copy-paste para o seu trabalho da faculdade passe pelo corrector de português :)





2)
Ontem a minha parte feminina estava com o periodo e tudo me irritava. Fui a carcavelos dar um mergulho e ler coisas tremebundas como a entrevista dos Mão Morta na revista Underground e o "Separation" do Bowlby que ficou cheio de areia nos entrefolhos das páginas.

Fiquei com a sensação de que com a chegada do Outono, "a queda" como dizem os bifes ingleses, estava tudo a andar para trás, e as pessoas estavam a comportar-se de forma irritante, repetitiva, infantil e possidónia. Para piorar as coisas encontrei aqueles antigos colegas todos sentados à espera da meia idade, com as suas mulheres a falar umas com as outras, sem suspeitar que daqui a dez anos os gajos vão estourar o plano poupança reforma em porches e face-liftingues metro-sexuais porque elas já não querem nem ouvir falar de mete e tira com eles,
e,
quando se retiraram todos à 1 hora com ar cansado de olhar uns para os outros e repisar clichés, pareceu-me que iam todos para o swingue.


Para piorar as coisas, irritou-me o regresso da minha irritação crónica com "esta merda" (vidé "ULTIMATUM" de Álvaro de Campos) toda,
ou seja
triste e deprimido com tudo
e apenas hoje percebi,
a minha
parte lésbica estava com o periodo
.

Espero que não tenha feito comentários desagradáveis nos blogues por aí, se o fiz, peço as minhas mais sinceras ciber desculpas. Estou a crescer :) Mesmo.





1) a minha sobrinha C. (que alguns já conhecem de posts anteriores) fez hoje as suas primeiras bolachas-biscoitos! Deliciosos, embora um pouco queimados de um lado pela imprevisibilidade térmica da cozedura da massa, mas duplamente deliciosos. Provar aquelas iguarias foi melhor do que um anti-depressivo. Como diria Donald Meltzer, a demonstração de recursos promove a esperança no campo social familiar. Parafraseando a quente Condessa que nos visita: "gostei, quero mais";
como todos sabem, o tio versão-0.02 é o monstro dos biscoitos caseiros. Um homem que mora longe, dorme muito, anda sempre metido em caldeiradas de saias, e mete os pais e os manos na ordem, da sua catedrática autoridade impiedosa, a troco de bolachas, chocolates, leite creme e iogurtes líquidos.

http://www.geocities.com/Heartland/Ranch/2417/CMSHAPES.JPG







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(*)nota de rodapé

Illumination of Earth by Sun on the day of equinox (vernal and autumnal).
Image by Przemyslaw "Blueshade" Idzkiewicz.

A view to eastern-hemisphere showing noon in Central European time zone (ingoring DST) on the day of equinox.

Following third-party images were used to create this image:
* "Earth's City Lights",
* and "The Blue Marble: Land Surface, Ocean Color and Sea Ice".

These images come from an archive of American government agency, NASA and as such, they constitute "public domain" content.

Illumination maps were created using "Home Planet" by John Walker.
This image is hereby released under cc-by-sa license.

17 comments:

Anonymous said...

ai leite creme e chocolates... são a minha perdição... assim como os meus 3 sobrinhos! :)))

voltei :)

beijo grande :)

vida de vidro said...

Agradeço-te a tua visita, a participar que existes... :)
O teu espaço é tudo menos enfadonho. Originalidade e qualidade. A voltar, decerto. **

Anonymous said...

depressão no outono... tipico! normal!

ainda bem que tens uma parte feminina que sabe o que é o TPM!
Alias todos os homens deviam passar isso, pelo menos uma vez na vida!

Maria Ostra said...

Hmmmmm...
Eu cá, perdi-me!
Deve ser a minha parte masculina que está a assistir ao jogo da bola... e que não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo. :p :P :P

(J.P. Simões é um artista da minha terra. E tu até és parecido com ele! ;) )

1.01 said...

Coimbra do Mondego?

Maria Ostra said...

É verdade... para mal dos meus pecados.
O que me vale, é que ando sempre em trânsito.

Lya said...

Só mesmo o tempo cura a dor!

1.01 said...

Maria O.: eu adoro Coimbra, é a minha cidade grande portuguesa preferida
depois de lisboa

tem uma luz maravilhosa e uma dicção deliciosa


Lya: só o Bom tempo, porque o mau tempo piora e gela a dor...

Lya said...

sabes... não sei se feliz ou infelizmente, depois de deitar toda a raiva para fora (que dura 3 ou 4 dias lol)tenho a capacidade de bloquear o que não me interessa.

Foi algo que aprendi ao longo da vida.

No entanto tenho a condão de saber perdoar e não ser rancorosa... mas nada volta a ser como antes.

hoje estou complicada certo?
:)

ai sabes pra onde vou já já?
massagens! hihihihih

beijo

Maria Ostra said...

Credo! É porque não vives cá! É pequena e provinciana... e ainda vive à sombra/na sombra da sua obsoleta, mas sublimada universidade. Amén!

Maria Ostra said...

Mas pelo menos chego a tempo a todo o lado! ;)

Maria Ostra said...

E não gasto dinheiro em cinema, nem em concertos... :P

1.01 said...

Lya: boas massagens! que ajudem a desboquear energias.


Maria O.: Coimbra é Linda. Tens de passar uns anos fora para ter saudadinhas e aprender a apreciar.
Cinema: a maior parte dos filmes são ma porcaria, mas vale poupar e vir até Lisboa!

Alan Romero said...

O concerto do JP com os Couple Coffee foi realmente fantástico. Podes conhecer um pouco mais de sua música aqui: http://www.myspace.com/couplecoffee
Parabéns pelo blog. Estou aqui há que tempo vendo tudo com muito interesse!
Abs

Maria Ostra said...

Farto-me de ir e vir, zerinhos...
Nem tudo é mau, claro...
Adoro o sossêgo e a vista do meu terraço para o Mondego...(vejo as pontes todas! :D) :))

A. said...

atenta... tenho estado a ler
tudo o que não li antes de ir...









a.tenta.sempre.

1.01 said...

I would have guessed so...