Ela dá-me beijos E papas de leite Faz-me um chapeuzinho Com as nuvens do céu. Põe na minha boca A cara de seda E canta comigo Para eu não chorar.
Não chores, não chores, Com os olhos em mim. Toma mel, menininha, Eu vou dar-te beijos e papas de leite, Muitos mimos e doces para comprares por ti.
Hás-de rir pela rua Mais alto que eu A crescer sozinho.
Ela dá-me beijos E papas de leite E boas razões Para me ter nascido.
No bairro do amor cada um tem que tratar Das suas nódoas negras sentimentais
As redes são passageiras, as arquitecturas da fuga De toda a água que corre, de todo o vento que passa. Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça E vejo nascer no espelho mais uma ruga. Quando o tecto se escancara e se confunde com a lua. A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela, Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela. Por favor, diz-me que és alguém, de novo? Quando a janela se fecha e se transforma num ovo Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
O meu amor ensinou-me a partir Nalguma noite triste. Quando as mãos ficam rijas e a alma se esconde E fica entrincheirada Entre o ódio e o amor. Esse curioso alambique Onde são destilados Noite e dia o choro e o riso. Deixa-me rir, Mal eu sabia Que a vida rouba os sonhos. Mal eu sabia Que o mundo nos desmama De paixões surdas, Cava na cara Sulcos secos. Mulher feita, Faz-te fêmea, Ama-te a ti mesma. O mundo espera Cheio de tudo. Come-o, feliz, sã, gloriosa, cheia. podes ser quem tu és.
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar
Essa miúda é uma fogueira Que te acende as noites em qualquer lugar. E tu desejas arder com ela Enquanto bebes o perfume Que ela deita nos seus trapos de côr Para te embriagar. Essa miúda é um exagero, Diz que sem ti não sabe voar. E tu adoras voar com ela, E enquanto inventas espaços novos Ela vai arquitectando uma teia Para te aconchegar. Essa miúda faz-te acreditar Que o Sol é um presente Que a aurora traz Principalmente para ti. Essa miúda é uma feiticeira: Prende-te a mente e põe-se a falar, E tu bem tentas compreendê-la Mas o que sai da sua boca Não parece condizer com o que ela Te diz com o olhar.
Essa miúda faz-te acreditar Que o Sol é um presente Que a aurora traz Principalmente para ti.
Quantas vezes te odiei com medo de te amar...Vê como o Sol brilha hoje, Odeio ver-te sempre de luto. Gostava de ver o teu olhar enxuto. Ser o teu mestre só por um instante, Iluminar o teu refúgio, Aquecer-te essas mãos, Rasgar-te a máscara sufocante. Somos meros transeuntes no passeio dos prodígios. Pode ser que, por milagre, troquemos as voltas aos deuses. o Sol parece maior E há ondas de ternura em cada olhar. Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre. E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta. Quem és tu, na imensidão do deslumbre? Por favor diz-me quem és tu, de novo?
e mantém o mundo vivo
Ela tem de chorar Com as dores de crescer. Que sonhos terá Nas primeiras noites Quando me chamar Pelo nome dela?
Porque nunca foi a ambição, nem a vingança, que o levou a desprezar a lei, E jamais lhe passou pela cabeça tentar alterar a Constituição. Como um poeta ele desarranja o pesadelo para lá dos limites legais, Foragido, por amor ao que é belo, e por vocação. Todos nós pagamos por tudo o que usamos, O sistema é antigo e não poupa ninguém, não. Somos todos escravos do que precisamos
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Texto: a partir das letras de:
O meu amor
Eram duas amigas
Disse fêmea
Essa miúda
Minha senhora da solidão
Deixa-me rir
Passeio dos Prodígios
O Bairro do Amor
Na Terra dos sonhos
Quem és tu de novo
Beijos e papas de leite
Jeremias o fora da lei
Agente vai continuar
7 comments:
"Somos todos escravos do que precisamos."
Viagem à Palma dos meus dedos.
Ele hoje vai voar até mim sabias?
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E assim saio ao entardecer. Com a noite colada às costas.
Lindo este post.
(tens de me ensinar a ampliar as fotoGrafias )
Hum... Zerinhos que BONITO
Ouvir o Jorge (adoro) e olhar para a foto que está Lindissima é um momento intimista.
Ainda me mudo para aqui :)
ai...
e
ai...
...e
a
.
.
.
i
bonito, muito bonito...
e, pela primeira vez, de leitura fácil... ou não...
Essa miúda é uma fogueira.
E contra todo o fogo.
O meu fogo.
Disse João Cesar Monteiro.
E eu digo também.
Deixa arder,
que o voo rasou-me os olhos para chegar ao cume.
Adorei.
Bacio
...
Pote de mel
Botão de lótus
Gruta de canela
Porta alada
Flor da lua
Rogai por nós
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