Caminho em cima de uma linha férrea, adiando a exaustão, duvidando se a estação terminal, ou mesmo se a próxima estação ainda existe. Aí vou eu, onde vou eu? Não vou verdadeiramente para lado nenhum: afasto-me o mais que posso do sítio do trauma, devagar como um animal coxo. Fui magoado no sítio mais vulnerável, no centro dos laços, na fortaleza dos laços para sempre.4 Janeiro de 2007
Há dias assim.
Dias em que o passado parece agarrar-nos pelo pescoço,
como um lobo
não vem pelas costas,
vem de frente
ao pescoço.
Apenas quer o que é dele,
o nosso destino, a nossa alma, o nosso futuro.
Apanha-nos desprevenidos,
sozinhos,
como qualquer predador
escolhe o bitchú que coxeia,
basta um escorregão,
um tropeçar,
olhamos para os lados
a nossa horda não está perto
afastamo-nos demasiado para beber
demasiado sequiosos.
descobrimo-nos
o passado espera no riacho.
Olá outra vez.sabes que és meu. esqueceste-te, mas estou aqui para te lembrar.
Não, não sou teu. Tu fazes parte de mim, não o contrário.
Doces doces as ilusões dos mortais...
Sim, doces, doces ilusões, para balançar toda a tua amargura.
1 comment:
Quanta tristeza e amargura afoga
Em confusão e estreita vida!Quanto
Infortúnio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou o bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anónimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou o sábio que, perdido
Na ciência, a fútil vida austera eleva
Além da nossa, como o fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inexistente.
(Fernando Pessoa)
Não digo mais nada...
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