20070104

8 de Janeiro de 2005

Caminho em cima de uma linha férrea, adiando a exaustão, duvidando se a estação terminal, ou mesmo se a próxima estação ainda existe. Aí vou eu, onde vou eu? Não vou verdadeiramente para lado nenhum: afasto-me o mais que posso do sítio do trauma, devagar como um animal coxo. Fui magoado no sítio mais vulnerável, no centro dos laços, na fortaleza dos laços para sempre.

4 Janeiro de 2007

Há dias assim.
Dias em que o passado parece agarrar-nos pelo pescoço,
como um lobo
não vem pelas costas,
vem de frente
ao pescoço.
Apenas quer o que é dele,
o nosso destino, a nossa alma, o nosso futuro.

Apanha-nos desprevenidos,
sozinhos,
como qualquer predador
escolhe o bitchú que coxeia,

basta um escorregão,
um tropeçar,
olhamos para os lados
a nossa horda não está perto
afastamo-nos demasiado para beber

demasiado sequiosos.

descobrimo-nos

o passado espera no riacho.

Olá outra vez.
sabes que és meu. esqueceste-te, mas estou aqui para te lembrar.

Não, não sou teu. Tu fazes parte de mim, não o contrário.

Doces doces as ilusões dos mortais...

Sim, doces, doces ilusões, para balançar toda a tua amargura.

1 comment:

Aestranha said...

Quanta tristeza e amargura afoga
Em confusão e estreita vida!Quanto
Infortúnio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou o bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anónimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou o sábio que, perdido
Na ciência, a fútil vida austera eleva
Além da nossa, como o fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inexistente.

(Fernando Pessoa)

Não digo mais nada...