20071005

aberta como uma boca Com estrelas secas. (H.H.)



And blessed are those who hear
And who keep what is written








And all the tribes of the earth will wail on account of him












Eu durmo no ar dessas cidades femininas

cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
A minha loucura , escada
sobre escada.

MuIheres que eu amo com um des-
espero fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em que toco levemente...
...a boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.

Dentro de minha idade, desde
a treva, de crime em crime - espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.

Subo as mulheres aos degraus.
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
de sua cabeça
ardente: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.











É de ouro a paisagem que nasce: eu torço-a
entre os braços. E há roupas vivas, o imóvel
relâmpago das frutas. O incêndio atrás das noites corta
pelo meio
o abraço da nossa morte. Os fulcros das caras
um pouco loucas
engolfadas, entre as mãos sumptuosas.
A doçura mata.
A luz salta às golfadas.
A terra é alta.
Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas.



















...daquela espécie de beleza repentina e

urgente, inspirava a mais terrível acção do louvor, mas vinha comer às

nossas mãos, e bastava que tivéssemos muito silêncio para isso, e então

os dias cruzavam-se uns pelos outros e no meio habitava uma montanha

intensa, e mais tarde às noites trocavam-se e no meio o que existia agora

era uma plantação de espelhos, o Amor aparecia e desaparecia em todos

eles, e tínhamos de ficar imóveis e sem compreender, porque ele era

uma criança assassina e andava pela terra com as suas camisas brancas

abertas, as suas camisas negras e vermelhas todas desabotoadas.





6 comments:

A. said...

... paixão e o [desapego...
com que se pode espremer a dor...]











(...e nunca te assustes
comigo, por favor.)




beijo grande, doce 0.0.

1.01 said...

Não é contigo, é com a tua e-usencia que eu me assusto.

Ana Paula Sena said...

A música está fantástica! :)

1.01 said...

:)
obrigado ana paula.
tu entendes-me.

Maria Ostra said...

Bom texto!
Uma potencia, eu diria.
Extremamente vital.

1.01 said...

Herberto Helder.