20071013

mais coisas com que deliro



Não há quase nada que eu mais delirio do que a good old film françês no Outono. Nos filmes franceses parece que é sempre Outono, e as roupas das mulheres são sempre folhas de Eva a cair, bem como os cabelos dos homens e os seus cigarros. Os actores ou são sempre os mesmos ou são quase sempre os mesmos, tal como a nossa família e os amigos.
Desde que soube da mostra do cinema francês que ando a sentir a falta de um Godard na veia, ou um Truffaut, (espero que as consonantes estejam todas no lugar) ou um assim. Primeiro fiquei desiludido com o filme Avida, saiu-me um surrealista à moda de Buñuel com paisagens humanas Lynchianas e uns apontamentos de Non-sense Inglês dos anos 70. Mas hoje, hoje acertámos. "Pintar ou fazer o Amor" (Paindre ou Faire L'amour), e foi verdadeiramente surpreendente. Tão francês tão francês que até passava uma canção do Jacques Brel, que servia de afrodísiaco para aventuras lascivas pós-modernas.
Ecce l´Homme et la Femme. Ho la la, bof, mais c'est bien vrai, les Bourgeois nous sommes comme les cochons, des cochons chic bien sûr, mais des cochons quand même.
E a grande vantagem do cinema frânces é que, sendo financiado e não precisando de fazer bilheteira, pode tornar-se como todas as formas de arte independentes do valor da sua própria venda, do seu consumo, como todas as formas de inutilidade, pode tornar-se dizia eu, uma forma de reflexão sobre a sociedade. Nós, os "burgueses" latinos europeus, podemos ver-nos ao espelho sem a constante intromissão de psicopatas, terroristas, monstros, super-heróis e etc, com recurso aos quais a indústria de filmes american(izad)os vão insidiosamente construindo a paranóia social surda com que justificam o psicótico fundamentalismo religioso, militar, policial e maníaco dos seus financiadores. Como diria Shakespeare,somos feitos da mesma matéria do que os nosso sonhos. A que Brel, com Orwell a apoia-lo, poderia contrapor: e da mesma matéria que os porcos. E atenção, eu deliro com porquinhos.



Um surdo-mudo e dois viciados em quetamina falham o rapto do cão de uma multimilionária voluptuosa, que aproveita para os obrigar a realizar as suas últimas vontades.
...One of the highlights of the film is wonderful Velvet who makes mythical anti-Venus character so pure and powerful.


.






















"Pintar ou Fazer Amor", dos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu, apóia-se em clichês dos filmes franceses protagonizados por burgueses entediados...o casal faz amizade com o prefeito local, que é cego, e sua jovem e bela namorada. E iniciam uma relação de amizade com Adam e a sua companheira Eva (Amira Casar), que habitam a umas centenas de metros de distância. Será que há vida depois de 30 anos de casamento? Há e ela pode revelar-se deveras surpreendente. O amor surge e revela-se com toda a audácia da inocência. Como um casal no paraíso, ambos apresentarão um admirável mundo novo aos burgueses desiludidos.
----
texto: da "Folha de S. Paulo" e do "Público" e da net em geral.

7 comments:

Condessa said...

Meu caro 0.02, perdão... 0.003 que por estes lados já se implantou a républica, talvez das bananas :P...
Sempre a originalidade a cantar mais alto no vosso espaço virtual... São poucas as vezes que venho poisar os meus dedos nas vossas excêntricas versões, mas confesso-vos... vale sempre a pena!
Beijo em vós na versão que escolherdes...

1.01 said...

Vossa Excelência quentíssima:
muito me deixa agradado, extasiado e entusiasmado a vossa visita aos meus imerecedores aposentos, que
se enchem de um perfume e tremores impúdicos sem igual pela passagem licenciosa de sua majestade ...

as práticas conventuais tântricas tem-me impedido de me esgueirar qual pequeno mamífero noctívago até aos vossos aposentos e vos vir ver e ver vir. Rojo-me às vossas saias rogando mais do que misericórdia, doce castigo...pois vossa maliciosa bondade não tem limites...

13 de Outubro de 2007 17:46

_E se eu fosse puta...Tu lias?_ said...

Saravá!

Cinema:) e cinema francês...

eu sinto-me sempre num cenário romântico...talvez pelos actores serem sp os mesmos (como familia e amigoa;)...) e pela língua.

Mas sublinho Shakespeare, e a ti:

"somos feitos da mesma matéria do que os nosso sonhos"


Beijos e bom fim-de-semana;)

[A] said...

[dos porquinhos:
http://seg2.blogspot.com/2007/10/pleix.html]

Maria Ostra said...

Ah, agora já percebi!
(Funciono a retardador e ando com pouco tempo...)
Concordo, concordo e concordo!

un dress said...

ai que aqui às vezes

tanto arde

se arde

!tarde?

- nunca tarde.


.atentamente

à vigilância

e punição

mas sobretudo

aos projectos.

tanto mais belos

tanto mais doridos

quanto

improváveis


...


...



:)

1.01 said...

"o mundo é bola de fogo nem todos ficam a arder",


dispositivos-máquinas-artíficios de fazer ver e falar, dispositivos de manipulação e domesticação.

estes gauleses terribles que nunca se rendem!. Eles ainda não se conformaram com Júlio César nem com Nelson. e ainda bien.


e

Mais vale retardar que nuncar :)