Então boa tarde Lisboa.

Durante estes anos todos,

Lisboa ficou a fermentar na memória

em cascos de velho carvalho

As cores e as formas a esfumar-se lentamente

E a pedra a dissolver-se em matéria de sonho.

Agora, de volta aqui

As coisas que constituem Lisboa parecem todas comestíveis e lúdicas,

A pedra milenar está viva e sonha,

As suas irregularidades são os refegos de um dragão recém-nascido,

há apenas quatrocentos anos

Respira numa absurda lentidão

no seu sono de cria monstruosamente ingénua,

deita fumo de agua-ardente pelas narinas,

Nada da geometria euclidiana do cínico e imperial dragão inglês.

Cheiros muitos cheiros,

Muito suor a evaporar ao sol.

Os pés colam-se à memória,

O rio entra pelos olhos

e inunda a alma de algas.

E a jovem feiticeira pede-me para deixar o dragão a dormir...

mais uns séculos.





shhhhhhh






AsYou Wish, baby.
I'll do it for you,
only for you.

*